quarta-feira, 11 de abril de 2012


Reportagem disponível em: 


http://www.institutoaqualung.com.br/info_agua_pressao50.html





A Indústria da Água


A água é um recurso renovável pelo ciclo natural de evaporação-chuva e distribuído na superfície terrestre. Mas a intervenção humana tem afetado de forma dramática esse sistema de renovação dos recursos hídricos. Em certos lugares, como no oeste dos Estados Unidos, norte da China e boa parte da Índia, esse líquido fundamental para a existência e manutenção de qualquer tipo de vida já vem sendo consumido em um ritmo mais rápido do que ele se pode renovar. Mais da metade dos rios está poluída com os despejos de esgotos, resíduos industriais e agrotóxicos.

Estima-se que 30% das maiores bacias hidrográficas perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água. Nove de cada dez litrosde água utilizados no Terceiro Mundo são devolvidos à natureza sem nenhum tipo de tratamento. Por conta dessas e outras, o conceito de água tem mudado e muito. Passou de dádiva inesgotável e gratuita para mercadoria, com preço de mercado conforme recomendação do Banco Mundial. Tornar a água mais cara é uma das providências necessárias para garantir o abastecimento no futuro. É consenso internacional e inclusive é um bem que terá seu preço cada vez mais onerado. 
Na Europa, em países como a França, a Alemanha e a Holanda, cobra-se em torno de 0,17 centavo de dólar para cada metro cúbico de água (1000 litros), sem contar as tarifas de abastecimento e tratamento de esgoto. Nos países industrializados, a perda a água é causada por sistemas obsoletos de distribuição. Já nos países em desenvolvimento, o problema é a falta de esgotos e de água encanada. A água proveniente dos lençóis freáticos está sendo usada sem que se planeje uma exploração que leve em conta a capacidade de suporte desse tipo de ecossistema. A captação desenfreada dessa fonte está exaurindo sua recuperação. 

Há 40 anos, poços de 30 metros eram suficientes para atingir o aqüífero de Ogallala, um enorme depósito de água subterrâneo sob oito estados americanos. Atualmente, é preciso que se fure pelo menos 100 metros. Assim, a indústria encarregada de captar a água das fontes e levá-la às torneiras do consumidor agora se preocupa em tratá-la antes que volte para a natureza. Estima-se que ela movimenta 400 bilhões de dólares, entre empresas públicas e privadas. Isso equivale a 40% do setor petrolífero e é 30% maior que o setor farmacêutico. Como o petróleo hoje em dia, os recursos hídricos estão no cerne de um número cada vez maior de tensões internacionais.


A ONU calcula que 300 rios são objetos de conflitos fronteiriços. No Oriente Médio, região sempre em evidência por causa das guerras, uma séria controvérsia envolve a disputa de três países pelo uso da água do rio Eufrates. A Turquia, onde está a cabeceira do curso de água, ergueu várias represas para projetos de irrigação. O resultado foi a diminuição do volume de água na Síria, que depende do rio Eufrates para suprir metade da sua demanda, e no norte do Iraque. Um dos pontos sem acordo entre Israel e os palestinos é o uso das reservas aqüíferas da Palestina, hoje superexploradas pelos israelenses.

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